15/10/2017 | NOTA DE PESAR
“Zarattini: a paixão revolucionária”
FOTO: Avener Prado- 18 março 2013/FolhaPress
A CONTAG se solidariza com os familiares e amigos(as) do ex-deputado federal (PT-SP) e combativo militante das causas sociais, Ricardo Zarattini, que morreu em São Paulo neste domingo (15), aos 82 anos.
Ricardo Zarattini é pai do líder do PT na Câmara, o deputado federal Carlos Zarattini, e irmão do ator Carlos Zara (1930-2002).
HISTÓRICO DE MILITÂNCIA
Ricardo Zarattini ou Zara como era conhecido, nasceu em Campinas (SP) no dia 06 de fevereiro de 1935.
Zara se formou em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP em 1962. Trabalhou na Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), período em que atuou em conjunto com os operários metalúrgicos da Baixada Santista de diversas lutas sindicais e greves, incluindo a conquista do 13º salário. Foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade de Santos.
Demitido da Cosipa após participar de uma greve na empresa, trabalhou na Máquinas Moreira, que produzia equipamentos agrícolas e que o transferiu para Pernambuco, quando aproximou-se do movimento estudantil e do movimento sindical da zona canavieira.
Após o golpe de 1964 passou para a clandestinidade e militava na reorganização do movimento sindical dos trabalhadores rurais no Nordeste.
Em 10 de dezembro de 1968, três dias antes da decretação do AI-5, Zarattini foi em companhia do italiano Dario Canale sob a acusação de terem entrado ilegalmente no Brasil com armas para a luta contra a ditadura.
Zara, além disso, era acusado por um atentado a bomba no Aeroporto dos Guararapes, em Recife que matou duas pessoas e feriu outras catorze. O alvo da ação era o então candidato e depois presidente, marechal Costa e Silva. Ele desembarcaria às 8h30 do dia 25 de julho de 1968 no Recife.
Anos depois soube-se que ele nada tivera a ver com a explosão. Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, Zarattini disse: “O que fere mais é essa coisa que fica até hoje, de as pessoas falarem ‘ah, esse é aquele da bomba do aeroporto?’”.
Chamado de “Professor”, quando preso no Quartel Dias Cardoso, no Recife, ensinou matemática e português a cabos e sargentos. Graças à colaboração deles, fugiu da prisão. Após a fuga, obteve abrigo no Convento das Dorotéias, com ajuda de Dom Helder Câmara, até voltar para São Paulo no ano seguinte.
Em São Paulo, Zarattini foi preso novamente no dia 26 de julho de 1969 pela OBAN (Operação Bandeirantes) do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e foi torturado mais uma vez.
Ainda em 1969, uma ação conjunta da ALN (Ação Libertadora Nacional) e do MR8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro) exigiu a libertação de 15 presos políticos, entre eles Gregório Bezerra, Vladimir Palmeira, José Dirceu e o próprio Ricardo Zarattini, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por essas organizações.
O governo militar decretou o banimento indefinido para os 15 presos políticos libertos naquela ação. Zarattini deixou a prisão para o exílio no México. Lá foi redator do jornal Excelsior, e depois foi para Cuba, onde viveu por quase dois anos.
Depois de viajar pela Coréia do Norte, China, URSS, Itália e França, ficou no Chile em 1971 na condição de exilado político. Quando Salvador Allende foi deposto pelo golpe, em 1973, Zarattini foi para a Argentina. Em 1974 retornou ao Brasil e permaneceu na clandestinidade.
Em maio de 1978, Zarattini foi preso, levado para a Rua Tutóia, sede do Doi-Codi, sofrendo diversas sessões de tortura. Após semanas, foi transferido para o presídio militar do Barro Branco onde ficou até 1979, quando a Anistia foi aprovada. Zarattini foi o primeiro brasileiro a ter o banimento revogado.
Filiou-se ao Partido Democrático Brasileiro (PDT), de Leonel Brizola.
No início dos anos 1980, Zarattini participou da Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (CONCLAT) e do apoio às greves dos metalúrgicos do ABC paulista.
Em 1982, Zarattini foi candidato a deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), na condição de militante e dirigente do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro), mas não foi eleito.
Trabalhou como assessor parlamentar na Assembleia Nacional Constituinte entre 1987 e 1988.
Em 1992, coordenou a primeira campanha do filho Carlos Zarattini, candidato a vereador da cidade de São Paulo, que obteve uma suplência.
Em 1993, a convite de Leonel Brizola, foi trabalhar na Assessoria Técnica da Liderança do PDT na Câmara dos Deputados. Participou das campanhas de Lula nos anos de 1994 e 1998. Foi assessor da liderança do PDT, embora filiado ao PT, até 2002.
Em 2002, Zarattini candidatou-se a deputado federal em São Paulo pelo PT, obtendo uma suplência. Trabalhou na Casa Civil por 13 meses, de 2003 a 2004, como assessor especial da Secretaria de Relações Parlamentares da Casa Civil, com a missão de acompanhar no Congresso Nacional a tramitação das Medidas Provisórias editadas pelo presidente Lula.
Em janeiro de 2004, com a posse de Aldo Rebelo como ministro da Coordenação Política e Relações Institucionais do governo Lula, Zarattini ocupa a vaga de deputado federal.
Zarattini exerceu o mandato de deputado federal até junho do mesmo ano, quando Zé Dirceu deixa a Casa Civil para retornar a Câmara dos Deputados.
Em abril de 2005 foi lançada a biografia de Ricardo Zarattini, “Zarattini – a paixão revolucionária”, escrito por José Luiz Del Roio, com prefácio de Franklin Martins, ministro da Comunicação Social do governo Lula.
Em 2007 recebeu da Câmara Municipal de São Paulo o título de Cidadão Paulistano.
VELÓRIO
O corpo de Zaeattini está sendo velado no Cemitério São Paulo.
FONTE: Diretoria da CONTAG, com informações Site/Nocaute